domingo, 22 de novembro de 2015

“Por que tenho que ser bom?” – Trabalhando Ética com Crianças


Que tal  tratar este assunto tão legal  e essencial para os pequenos? Mostrando a elas atitudes e colocando exemplos práticos de nossos dias, procurando exemplos bons e maus, como um motorista que passa ao sinal vermelho? Ou para aquela pessoa que consome bebidas alcóolicas e mesmo assim faz o uso da direção.

Procurar pensar junto das  crianças se essas pessoas se preocupam com a vida da outra  e perguntar a elas que se não existissem lei, nem guarda, faria o que era certo, ou não?
 



No episódio “Por que tenho que ser bom?” da série "O que me faz ser eu?" (BBC Londres / MultiRio) a questão apresentada às crianças é: o que nos leva a escolher fazer coisas certas, e não erradas? Este texto pretende ajudar a trabalhar essas questões.

No vídeo, a história que dá início à discussão já era contada por Platão, quase quatrocentos anos antes de Cristo. Fala de um pastor que encontra um anel mágico: quando ele usa, fica invisível. O pastor era bom e honesto, mas será que resistiria à tentação de fazer tudo o que quisesse, mesmo que algo fosse errado, já que ninguém poderia descobrir? A identificação das crianças com o dilema é imediata. A pergunta que surge é: “E você, se tivesse um anel como esse, o que faria?”

No debate com crianças, vale trazer exemplos práticos. Uma ideia possível: situações que acontecem no trânsito da cidade. Aquele motorista que só para no sinal vermelho quando há um guarda controlando, o outro que não excede o limite de velocidade só no trecho que tem radar, ou aquele que consome bebida alcóolica e mesmo assim dirige, só porque não há blitz nesse dia. Será que essas pessoas só se preocupam com a vida quando há alguém vigiando? E a pergunta para as crianças: se não tivesse lei, nem guarda, nem câmeras: você sempre faria o que é certo?

Outras perguntas podem surgir na sequência, como por exemplo: “É certo fazer coisas um pouco erradas se você não puder ser pego?”; “Você faz as coisas certas porque gosta, ou por causa da opinião dos outros?”; Fazer coisas boas e corretas deixa você mais feliz? Por quê?”

Incentive as crianças, em casa e na escola, a pensar sobre as escolhas que temos que fazer a toda hora, na nossa vida.

Coloque situações que a própria criança poderia vivenciar, como por exemplo se achasse uma carteira com dinheiro, ou se fosse comprar seu biscoito favorito e recebesse um pacote a mais. Mesmo sem ninguém vendo, você se sentiria melhor devolvendo ou ficando com essas coisas? Por quê?

Um caso bem concreto da vida escolar é a postura nas avaliações. Se num dia de prova, o professor tivesse que sair da sala por alguns minutos, o que a criança imagina que faria? Praticaria uma transgressão, abrindo o caderno para olhar a matéria? Então, quando fazemos as coisas certas na escola, é só porque o professor está tomando conta?

Ótimo também trazer situações de casa, como por exemplo, o que a criança faria se os pais saíssem o dia todo: ficaria estudando ou só brincando?

Mas atenção, não se trata de dirigir o debate para lições moralistas sobre o que é certo ou errado. A ideia é incentivar o questionamento sobre o porquê de nossos atos e nossas escolhas, refletir sobre os valores estão na base do que fazemos.  Por isso, não há respostas certas ou erradas. O mais importante são as perguntas.

A discussão central neste episódio é: quem diz o que é bom ou mau, certo ou errado? Se somos livres, o que nos leva a escolher entre o bem e o mal? A lei, ou a nossa consciência? Quem é o juiz da sua vida: Deus? Sua família? Você mesmo?

E ainda uma discussão bem atual: muitas vezes as crianças dizem “Eu faço isso, porque afinal todo mundo faz”. A filosofia ajuda a lidar com essa situação em casa, na escola, na vida. Ora, porque todo mundo faz, algo passa a ser correto?

Explique aos seus filhos, ou aos seus alunos, que quem pensa dessa forma, perde a liberdade de escolher. Está deixando que os outros “façam a sua cabeça”.

A filosofia nos torna mais capazes de tomar nossas próprias decisões, com autonomia. Por isso é fundamental praticar essa atitude com as crianças! Talvez se aprendêssemos a questionar tudo isso desde cedo, nosso mundo não precisasse ter tantos radares, nem tantas câmeras, nem tantas leis.

Fonte: http://www.andrearamal.com.br/por-que-tenho-que-ser-bom-trabalhando-etica-com-criancas/

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